Confissões de Santo Agostinho é uma obra única. O gênio de Agostinho, em um só movimento, inaugura um gênero literário, bem como uma nova forma de relatar a si mesmo — nesse caso, diante de Deus.
O leitor moderno poderá se perguntar: “Por que ler as confissões de um bispo do século IV da era cristã? O que tenho eu com isso?” Fato é que nas confissões, tudo é pessoal e universal ao mesmo tempo. O homem Agostinho que confessa sua vida diante do absoluto, de Deus, o faz também com toda a humanidade. É, portanto, um encontro do finito com o infinito.
Nos pensamentos desse doutor da Igreja, encontramos cristalizados o drama existencial do homem em sua busca por sentido, sua queda, busca por redenção e encontro com Deus que ocorre, principalmente, em sua própria interioridade. É um percurso que começa no amor às coisas criadas e finitas, e termina no coração de Deus que não está fora do próprio homem.
Li essa obra pela primeira vez aos 17 anos. Posso dizer que fez parte da minha formação humana e, ainda hoje, lembro-me das reflexões de Agostinho, de sua mística e interioridade.
O texto das confissões é dividido em 13 livros. A leitura é autobiográfica, e tudo flui em uma poesia e retórica tão singulares que só notamos os mais de 1600 anos que atualmente nos separam da obra pelas diferenças de época. Depois do livro X, encerrada a autobiografia, as reflexões de Agostinho tornam-se mais desafiadoras, mas igualmente interessantes. Se você nunca pensou seriamente sobre o que é o tempo, recomendo que insista pacientemente no livro XI.
Nada mais tenho a dizer. Um bom livro, caro leitor, fala por si mesmo e não precisa de qualquer apologia. Recomendo a todos a leitura! Que seja estimulante para que também possamos pensar nossa própria vida para além das miudezas cotidianas, resgatando aquilo que temos de universal em nossas vivências, pois, confessar é também reencontrar-se consigo mesmo e com toda a humanidade.
Para quem tiver interesse, eu li pela edição da Martin Claret, mas recomendo qualquer uma das edições abaixo:
- Confissões (Clássicos da Penguin)
- Confissões (Editora Autêntica)
- Confissões (Editora Vozes)
- Confissões (Editora Petra)
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